domingo, 4 de dezembro de 2011

Cícero Lins


Ouça primeiro!

Cícero Lins, 25 anos, foi guitarrista e vocalista da Alice, uma das muitas bandas surgidas durante o pseudo-movimento indie carioca da década passada e que chegou ao fim deixando dois discos tão interessantes quanto desconhecidos (“Anteluz”, de 2005, e “Ruído”, de 2007). Três anos depois do fim do grupo (ou qualquer coisa próxima disso, já que o próprio músico diz não saber exatamente quando a banda acabou), retoma suas atividades artísticas com seu primeiro disco solo, o bom “Canções de Apartamento”. Uma pessoa como outra qualquer. Alguém confrontado como as responsabilidades da vida adulta, a solidão, o peso do mundo. Alguém que encarou o fim de sua banda num momento em que retornava de uma temporada de seis meses no exterior cheio de equipamentos comprados com a ideia de montar um estúdio. Que terminou os estudos e se viu desempregado e sem interesse em prosseguir na área que havia escolhido para estudar. Se comparado a “Ruído” (que, embora citasse no encarte Tom Jobim e Chico Buarque, podia ainda ser facilmente classificado como um disco de rock), “Canções de Apartamento” é um disco de MPB. Uma MPB distinta, por sorte, de tudo o que tem sido feito por “novos paulistas”, “novos curitibanos” e todos esses rótulos bairristas que pouco falam sobre alguma coisa. Uma MPB sem pretensões de reinventar a roda, mas não engessada, que não ignora a existência de “The Bends” ou “Suburbs”. É como se pudéssemos imaginar Thom Yorke discutindo Tom Jobim com Marcelo Camelo, ou Caetano Veloso, ainda jovem, convidando Moska para assistir um DVD do Arcade Fire, e tudo isso parecesse muito natural. Climático, o disco é feito para se ouvir com atenção, deixando ecoar no ouvido e virar docemente a trilha sonora do seu dia. É brilhante. Uma viagem ao interior de uma mente que parece expressar-se perfeitamente em letras sentimentais, melodias densas e vocal tristonho. Por vezes, soa como as cantigas melosas de Milton Nascimento, a sensibilidade triste de Rodrigo Amarante e até como a pseudo-rockeiragem de Caetano Veloso. Ao mesmo tempo, você sente pulsar aquele timbre, passagem ou composição que a Alice usou para conquistar fãs até hoje.

DOWNLOAD
http://www.cicero.net.br/







Por Hugo Alexandre